quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Crepúsculo dos Deuses 1950

Assistir 'Crepúsculo dos Deuses' é uma lição de forma bem ampla sobre o cinema.
A forma magistral com que foi filmado nos ensina sobre planos, ângulos e composições de quadro.
Os cenários são fantásticos e com uma direção de arte impecável.
Mas o que guardo para mim é a lição sobre tempo.
Quanto tempo sobrevivemos na mente e no coração das pessoas? E também o reverso: quanto tempo as pessoas sobrevivem em nós? É, porque é beeeem fácil falar dos outros.
Tudo bem que o filme trata do esquecimento de uma pessoa pela máquina que ela própria ajudou a funcionar, era uma das engrenagens. Como se essa máquina não fosse constituida de outras pessoas/engrenagens... É no mínimo exótico imaginar que uma pessoa ficou obsoleta e que precisou ser substituida...
Isso também ocorre com a gente, talvez em diferentes escalas e graus. São amigos, parentes, professores, namorados, ídolos e tal que vão passando. E uma coisinha fica aqui, uma lembrancinha acolá, um sentimento por aí... algumas pessoas ainda se manteem próximas (são as nossas engrenagens?), outras surgem de uma hora para outra na lembrança , e tem aquelas que simplesmente apagamos da cabeça. E nós fazemos alguma coisa para que estas pessoas sobrevivam na nossa lembrança? Não acho que temos que se lembrar de todos e todas, pelo amos de deus, seria uma loucura sem fim! Mas é que as vezes parece que construimos barreiras para não guardar nada dos outros, como se cancelassemos o 'download' do arquivo da pessoa, ou melhor, como se tivessemos um excelente 'firewall' para nos proteger de estranhos.
Talvez seja até de uma forma inconsciente, mas quantas vezes conversarmos sem absorver nada do que o outro está falando? Sim, conseguimos manter até uma conversa animada, mas não é um diálogo e por mais que maravilhas sejam ditas nada disso volta pra casae pro travesseiro.
São apenas reflexões... não sou diferente.

***
Norma Desmond diz:
'Stars are ageless, aren't they?'

É, muitas vezes me sinto sensível demais... uma frase desta me arrepia.
Mas o que é imortal: o pintor ou a pintura? o ator (ser humano) ou a atuação?
A pessoa nasce, cresce e morre.
Acho que arte é que garante esta sobrevida, mas apenas para as sensações.

Um comentário:

  1. "People are
    People so
    what should we be?"
    (mais uma reflexão, se não bastassem as já colocadas!!!)

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