sexta-feira, 24 de abril de 2009

tempo, tempo, tempo

The Barn - Ralph Hagen

diante da espectativa
espero sinais distantes.
gasto este tempo
aquarelando aquilo que vejo

e qual é o meu horizonte?

o pensamento pegou todos os pincéis
ao mesmo tempo riscos e cores e fragmentos
sou o crítico, o pintor e a paisagem
tudo ao mesmo tempo.

tempo, tempo, tempo

perdido entre o dormir e o acordar
empurro os ponteiros
arranco folhinhas
avanço casas
corto meu próprio cabelo.

sei que tenho sensibilidade nos olhos
e que faço tudo por inteiro
mas o tempo....
ah o tempo...
me transformou em espectador de mim mesmo

e continuo esperando o grilo cantar.

***
A crise tá braba!



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Local Color

Um diálogo retirado do filme 'O Mestre da Vida' (Local Color, 2006, dir. Geroge Gallo):
Curtis Sunday, crítico de arte, diz que arte tem que ser feita para poucos (resumidamente), e Nicholi Seroff, pintor clássico, defende que a arte é o denominador comum entre todos (estudiosos de arte ou não).

Seroff: - O que há de errado com o sentimento?

Sunday: - Não tem espaço na arte.

- Quem falou?
- O sentimento é uma forma melosa e açucarada de emoção que indica falta de intelecto. - Grande merda! Você tem tanto intelecto que tornou-se estúpido, Curtis. Sentimento é decência, é ser um ser humano, é saber que a vida é curta, muito, muito curta. (...) O sentido que deu à palavra é que me perturba profundamente. Chorar, ferir, ponderar, amar, amar verdadeiramente. Essas são os tijolos que constrõem a humanidade, é o que constrói pontes, que cria Rembrandt, Van Gogh, Monet, Renoir! O que vocêd efende cria perturbação, miséria, bagunça!
- Falo de um setor bem diferente da condição humana.
- Mas não tem lugar na arte.

Egon Schiele - Auto retrato 1911

Assim acabou o começo da minha tarde... assistir algo no momento certo, que foi apertando as teclas certas lá dentro... Talvez em outra hora minha reação fosse outra, mas acho que uma coisa leva a outra, se não estivesse com a cabeça em meio a um olho de redemoinho provavelmente não assitiria este filme. Acho que ele completa coisas de outros filmes que já falei (Ratatouille, O Som do Coração, A loja Mágica de Brinquedos), é sobre descobertas também, mas o paralelo aqui é com pintura. Um jovem que quer ser artista acompanha um pintor russo numa viagem esperando aprender a pintar, e acaba aprendendo muito mais do que isso. Tá, é clichê, mas este filme tem uma pegada diferente dos outros, não é nada infantil, tem seus momentos de alívio de humor, mas é forte.
Acho que a questão é a construção do quadro, da pessoa, as cores... sempre as cores... Na escola quando eramos pequeninos não diziam que as nuvens são brancas? e as folhas verdes? e o céu azul? e o sol amarelo? e naõ fazemos o mesmo na vida? e assim pintamos nosso quadro... Daí me pergunto, o que podemos fazer então? buscar os nuances... ou até se envolver pelos nuances. Outra discussão do filme é sobre se deixar errar e conseguir seguir em frente. É tão fácil falar e tão dificil de realmente entender isso, porque tenho certeza que minha mente foi rigorosamente treinada para não aceitar erros, derrotas e tal, mas vou começar uma campanha interna para mudar isso tudo!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Alegria em pequenas gotas

Ballard Street - Jerry Van Amerongen

Pequenas gotas de alegria para tentar encher este mar imenso de nada.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quanto Mais Quente Melhor - 1959


Assisti novamente 'Some Like It Hot' do Billy Wilder.
Comédia sensacional, não é a toa que está entre os melhores filmes da história pelo .

O que temos neste filme? Dois atores excelentes (pessoalmente sou mais Jack Lemmon que Tony Curtis), e Marilyn Monroe fazendo o que melhor sabe fazer, ser Marilyn Monroe.
Tony e Jack são respectivamente Joe e Jerry, dois músicos que fugindo da máfia se vestem de mulher (Josephine e Daphne) e partem com uma banda só de mulheres para uma apresentação em Miami. E quem é a vocalista da banda? A meiga e desiludida Sugar Cane (Marilyn Monroe).
Nesta viagem de trem acontecem duas cenas que gosto muito:
Primeiro Sugar Cane canta "Runnin' Wild", uma música ligeira e divertida. Sim, pois é, Marilyn cantava em quase todos filmes que fez, e sabe quem treinou Marilyn para este filme? Judy Garland (pelo menos é o que o IMDb diz...).

E depois tem a cena em que Jerry/Daphne tentar dar em cima de Sugar, mas a coisa sai de controle e sua cama acaba virando uma confraternização com todas as garotas da banda e muito bourbon.

Esta cena lembra aquela clássica do 'Uma Noite na Ópera' (1935) dos Irmãos Marxs, em que a cabine em que eles estão viajando fica abarrotada de gente.


***
Os diálogos são ótimos, assim como em quase todos filmes do Billy Wilder.
Como estas duas, que aparecem em momentos diferentes do filme mas 'conversam' entre si.
Joe leva Sugar para um Iate num barco em marcha ré (que ele não sabe manejar), e pede desculpa dizendo que pode demorar um pouco. E Sugar se entrega: Não importa quanto tempo leva, mas sim quem está te levando.
E depois num momento em que Sugar se atrasa, ela pergunta se ele esperou muito tempo, e ele galanteador responde: Não importa quanto tempo se espera, mas sim por quem espera.

***
Adoro quando Sugar desiludida canta 'I'm Through With Love', e também o eco disso no filme 'Todos Dizem Eu te Amo'(1996) de Woody Allen, em que todos os personagens desiludidos amorosamente cantam esta música...
***
Outra coisa famosa neste filme aconteceu nos bastidores da filmagem, a famosa dificuldade de Marilyn em decorar suas falas, por mais simples que fossem.
Billy Wilder precisou de 47 takes para conseguir que ela falasse "It's me, Sugar", parece até ridículo, mas ela falava: "Sugar, it´s me" e "It's Sugar me". Precisaram escrever a fala numa lousa! E na cena da festinha do trem ela não conseguia falar "Where's the bourbon?", precisaram de 59 takes porque ela falava "Where's the whiskey?", "Where's the bottle?" e "Where's the bonbon?", isso porque no take 40 já estavam usando a lousa com a fla escrita.
Okay, ela deve ter sido uma pessoa difícil e tal, mas este filme não seria o mesmo sem ela.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Séries policias, a nova onda

The Other Coast - Adrian Raeside
Estamos presenciando uma invasão de séries policias na TV... Já não mais bastava os telejornais-porta-de-delegacia, agora teremos aqueles vídeos da realidade 'nua e crua' das emergências na Band, a estréia de 'The Shield" na TV aberta, além da série da Globo que estréia este mês, e da Record que já está no ar. Estava faltando a participação do Seu Sílvio, mas parece que já está para voltar o Ratinho, e ele volta com o mesmo tipo de programa que lhe deu 'sucesso', comandando um 'telejornal'. É isso, o jornalismo sobrevive de más notícias e quando algo bom acontece lá vem correndo todo o sensacionalismo para transformar tudo que era bom em melado, choroso e c-h-a-t-o!
Acho que essa moda até que demorou para pegar, porque a TV por assinatura está infestada deste tipo de programa (séries e 'realidade nua e crua'). Tinha uma época que até os comerciais da P&A (people and arts) era só isso, super down, aquela energia pra baixo mesmo.
Preciso educar a minha 'curiosidade mórbida' para deixar de se prender com essas coisas trashes que polulam pela TV...